Arquitectura - Bruno Barbosa, João Barbosa e Pedro Costa
Concurso - Desafios Urbanos
Localização - Porto, Portugal
“O culto prestado hoje em dia ao património histórico exige, pois, mais do que uma verificação de prazer. Exige um questionar, uma vez que ele é revelador, negligenciado e, contudo, incontestável, de um estado da sociedade e das questões que nela existem”. Françoise Choay
Tendo em conta o valor histórico e patrimonial das parcelas a intervir, bem como a área envolvente - Morro da Sé – a proposta tem como objectivo a recuperação dos três edifícios, respeitando as suas características formais e a sua fisionomia, acrescentando porém novos elementos com o objectivo de lhe conferir uma vivência adequada às exigências da sociedade actual.
Segundo este princípio, preservámos as fachadas e paredes de meação dos lotes, características do Bairro da Sé, Património Mundial pela UNESCO. Em contraponto, os espaços interiores (em ruína) foram totalmente demolidos, devido à sua inadaptabilidade aos padrões de conforto contemporâneos.
Assim, a estratégia de intervenção no interior, pretende mostrar toda a verdade construtiva, revelando os novos elementos estruturais do edifício no seu aspecto mais cru, em bruto.
Como elemento chave da nossa proposta, surge o bloco de circulações verticais e de infra-estruturas, em Betão armado à vista, que articula todos os pisos, onde podemos ter uma perspectiva de toda a verticalidade do espaço.
Com o intuito de aproveitar a fachada de maior exposição solar, introduziu-se uma nova estrutura de varandas verdes, em aço, com painéis móveis de chapa perfurada que controlam a incidência de luz no interior das habitações.
Como elemento chave da nossa proposta, surge o bloco de circulações verticais e de infra-estruturas, em Betão armado à vista, que articula todos os pisos, onde podemos ter uma perspectiva de toda a verticalidade do espaço.
Com o intuito de aproveitar a fachada de maior exposição solar, introduziu-se uma nova estrutura de varandas verdes, em aço, com painéis móveis de chapa perfurada que controlam a incidência de luz no interior das habitações.
A organização funcional dos edifícios estrutura-se em dois momentos. À cota da Rua do Souto situam-se os espaços colectivos da proposta. Por sua vez, os pisos superiores são destinados à habitação.
Após uma análise sobre os aspectos sociológicos do local encontra-mos um tema a desenvolver. Existindo na zona um grande sentido comunitário, pareceu-nos pertinente projectar um espaço de aglutinação de várias gerações, onde estas partilham os seus conhecimentos e experiências de vida.
Este Centro Comunitário do Bairro da Sé (CCB-S) contém duas salas comuns, onde se podem desenvolver várias actividades recreativas, instalações sanitárias e recepção.
Pela Rua dos Pelames, temos acesso à fracção habitacional dos edifícios. À cota do CCB-S encontram-se as funções colectivas privadas, lavandaria e arrumos. Nos pisos superiores, desenvolvem-se três tipos de tipologias, T0, T1 e T2, num total de nove fogos.
No topo dos acessos verticais, situa-se uma área técnica, que vai acolher um reservatório para reaproveitamento da água das chuvas e um acumulador de energia solar, reduzindo os gastos energético e a sua pegada ambiental.
Respeitando o valor patrimonial dos edifícios, foram tomadas decisões no sentido de manter uma cobertura tradicional em telha e consolidar os seus elementos portantes (paredes em pedra). Tendo em conta o ponto anterior, recorremos ao uso do reboco armado com 60mm de espessura e travamento das paredes em vigas de aço galvanizado HEB 200mm, que nos pode reportar para a imagem dada pelas vigas de madeira utilizadas tradicionalmente, ideia reforçada pelo uso da laje colaborante com chapa à vista.
As fachadas em pedra, são revestidas com um elemento cerâmico, unificando todo o conjunto e conferindo-lhe um aspecto mais próximo do revestimento típico dos edifícios do centro histórico da cidade do Porto. Nos vãos exteriores, mantivemos a cantaria de pedra existente e introduzimos novas caixilharias de madeira complementadas com portadas.
Em relação à escolha cromática, decidimo-nos pela aplicação da cor verde nas caixilharias e portadas, viradas para o exterior, e do branco para a restante fachada e interior das habitações. Com a utilização do verde e do branco, os alçados tornam-se mais leves e introduzem maior claridade na envolvente.
Pretendemos mais do que apenas um revivalismo de fachada, valorizar os componentes existentes, acrescentando a sobriedade dos elementos contemporâneos sem que estes se sobreponham.